14/09/2014

O CASACO QUE ME FEZ CHORAR

Estávamos em 2007. Íamos sair de Lisboa no dia 31 de Outubro rumo a Bilbao/San Sebastian e as coisas não podiam ter começado da pior forma. Quando me tentei levantar só mexia a cabeça. O meu corpo não reagia, algo estava errado com o meu pescoço. Era mais uma contractura muscular e logo naquela manha em que tínhamos tantos quilómetros pela frente. Drogas e banho de água quente (com a ajuda da minha mãe) e nada me iria impedir de passar aqueles dias com ele, o meu namorado! Bilbao aqui fomos nós.
Uma viagem maravilhosa e no dia 2 de Novembro ao passarmos numa Zara, há lá coisa mais banal do que passar numa Zara por terras de nuestros hermanos, e fiquei vidrada num casaco. Ele como sempre disse "experimenta. Vá vai lá" (sim ele sempre me incentiva a experimentar e a comprar as coisas de que gosto... eu é que sou o travão cá de casa e a voz da consciência). Entrámos e ele ofereceu-me um casaquinho castanho de linha trapézio, com mangas 3/4 amoroso. Ficou para sempre associado a uma viagem fantástica e a momentos que nunca esqueceremos e que ficaram perpetuados nos nossos moleskines de viagem (nota de mim para mim, voltar a escrever as nossas viagens e a imprimir mini slides).
Os anos passaram. Eu engordei. O namorado passou a marido. Eu continuei a engordar. As viagens passaram a ser menos glamorosas mas igualmente memoráveis. Apareceram as contas para pagar. Eu decidi parar de engordar.
Ontem enquanto guardava um cobertor num armário bati com o olhar no casaquinho castanho que tanto me fez feliz e pensei: "Não Sara, é melhor não! Vais ficar triste, ele não te vai servir..." fechei a porta e virei-lhe as costas. Mas não, era tarde demais eu já tinha a vontade de o vestir. Peguei nele. Vesti-o e... serviu! Fui até ao espelho do quarto e vi-me. Voltei a 2007, voltei a um passado feliz, e chorei! Um disparate eu sei. Sou mais feliz hoje mas aquele casaquinho deu-me o conforto de que estou no caminho certo. De que não posso voltar atrás.


Nota - horas depois bastou um comentário menos simpático e optimista (vindo de uma pessoa próxima, muito próxima) para estragar estes pensamentos positivos e que me fez pensar que não estou assim tão bem... que poderia estar muito melhor se me aplicasse, se fosse mais obstinada... voltei a sentir-me a mais gorda das gordas!





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